Terça-feira, 9 de Janeiro de 2007
Ainda não se sabe se os resultados que Cavaco Silva exigiu ao Governo em termos de Educação se centralizam única e simplesmente numa menor comparticipação do Estado no sector para auxiliar no cumprimento dos compromissos europeus ou numa maior qualidade do ensino que a longo prazo insira na sociedade cidadãos informados, qualificados e com um forte sentido cívico. É sabido que o actual chefe de Estado não foi, enquanto primeiro-ministro, um exemplo nesta matéria preferindo esbanjar os milhões recebidos em obras de betão, confundido cada tonelada erigida com a marcha de um qualquer desenvolvimento. Quando Maria de Lurdes Rodrigues afirma que conquistou os portugueses em detrimento dos professores com a sua reforma educativa que nada mais é de que um corte transversal nas regalias dos docentes, referia-se à transferência da responsabilidade educativa dos pais para os professores. Porém, esta transferência trata-se de um presente envenenado para o sistema uma vez que os pais em vez de vigiarem o comportamento dos filhos passam a ser vigilantes daqueles que cuidam deles, legitimando o afastamento dos jovens para com a família ao obrigá-los a permanecer mais tempo nas escolas.
Ninguém ignora que os tempos actuais divergem dos de antigamente dado que praticamente deixou de existir, por via da empregabilidade feminina, o papel da mãe-supervisora, mas também não é menos verdade que nesses tempos as tropelias infantis se limitavam a simples invasões de propriedade para jogar futebol ou ao retirar inofensivo de uma laranja alheia para consumo próprio. Não era necessário haver escola até ao pôr-do-sol para que os jovens dessa altura se dessem conta dos limites que podiam atingir fora da mira dos pais porque o papel dos adultos, professores incluídos, era valorizado e respeitado pela sociedade.
O vídeo das crianças que vandalizam viaturas, consumindo cerveja (ou algo mais) é um ponto de interrogação gigante que se coloca à frente da equipa ministerial. Feitos os cortes orçamentais julgados necessários e ganhando-se batalhas contra os educadores, haverá alguma coisa que subsista no futuro destes jovens?