Quarta-feira, 14 de Março de 2007
O governo gere inteligentemente a sua popularidade com vista à obtenção de um uma nova maioria absoluta. Ao ter como alvo principal o funcionalismo público com uma série de medidas que não visam apenas o emagrecimento da máquina estatal, mas também a introdução de medidas arbitrárias, aleatórias, geradoras de instabilidade, conduzindo a penalizações por falta de afinidade que em última instância poderão levar ao despedimento de funcionários competentes que não caíram nas boas graças do director ou que recusaram a um jantar à luz das velas, com estas medidas, o governo lança um piscar de olhos à classe empresarial para assumir idêntico comportamento mas... apenas após as próximas eleições. O primeiro-ministro considera fulcral não mexer - ainda - no sector privado, legislando no sentido de uma maior facilidade de despedimento, porque não quer comprometer uma nova vitória em 2009. Por enquanto, o número de funcionários públicos descontentes - a grande maioria - não é suficiente para abalar a máquina eleitoral do PS, mas o país terá de ser mais rigoroso para equilibrar o déficit e, segundo especialistas estrangeiros, isso passa, inevitavelmente, por uma legislação mais flexível no que toca aos despedimentos. Com dois mandatos como primeiro-ministro, José Sócrates terá, então, garantido uma reforma por inteiro e um cargo na União Europeia e marimbar-se-á, como fez Durão Barroso, para Portugal e para os portugueses.